domingo, janeiro 25, 2009

Bato devagar

Bati duas vezes.
Toquei devagar na madeira,
Com os nós dos dedos.
Não sei o que se esconde no outro lado da ombreira,
O que espreita pela fechadura,
Por isso bati devagar.
Com pouca força,
Toquei a seiva seca encerrada nos veios,
Daquele pedaço de tábua morta.
Devagar bati na porta.
O aqui e agora pouco me importa.
Temo, tremo dentro do meu corpo.
Não estou certa,
De conseguir resistir ao que se oculta,
Se será o futuro que me espera,
Na outra margem, segura.
Se o passado de que fujo
A planear a minha captura.
Por isso bato devagar.
Mas não arredo os pés,
Não sucumbo ao medo,
Este vento gélido,
Que me gela os dedos,
Este véu de penumbra,
Que me cega os olhos,
Me impede de ver,
O que do outro lado da porta,
Me vislumbra,
Não vai impedir-me de saber,
O segredo,
Que teima em se esconder por detrás da porta.
Por isso bato devagar,
Por que não me importo de esperar,
Aguento quanto tiver de aguentar,
Até a porta se abrir.
E até segredo que encerra, se revelar,
Eu continuo a insistir e
A bater devagar.

Sem comentários: