quarta-feira, dezembro 31, 2008

Serpente

Abri porta e convidei-te a entrar.
Fui eu quem te deu a conhecer os cantos á casa
Quem te ajudou a instalar,
Por isso se há alguém a culpar,
Pelo trágico fim da história,
É mesmo a mim que se atribui essa glória.

È minha a culpa
De me ter magoado,
Afinal fui eu,
Que deixou que uma serpente,
Se aninha-se ao meu lado.

Mordeu-me pela calada,
Deixou-me na pele,
A marca gravada,
No sangue, o sabor a fel,
Não é culpa dela ser falsa, dissimulada,
A culpa é minha,
Por não ter dado conta,
A culpa é minha por ser tão tonta.

Fui eu quem a deixou entrar,
Eu quem a deixei instalar,
Não é culpa da serpente,
Se para se sentir viva,
Ela tem de envenenar,
Faz parte da sua natureza rastejar.
Faz parte de si, enganar.

Não é culpa do pobre animal,
Se para se sentir mais que um objecto,
Para manter vivo o seu intelecto,
Precisa de esconder quem na verdade é,
Não é culpa sua se para ter companhia,
Precisa de mentir com o olhar,
Usar do seu veneno para paralisar.
A culpa de ter sido mordida,
È minha,
Porque fui eu quem deixei,
A serpente entrar,
Fui eu que tonta, a deixei instalar...

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