sábado, novembro 01, 2008

Sonhos adormecidos

Os rostos tocaram-se,
E uma alegria desconhecida,
Um calor desmedido,
Inundou de amor o coração
Da estátua de pedra fria,
Perdida no meio do jardim,
Na praça vazia.
...
Anos sem fim, esquecida,
Entre as folhas outonais escondida,
A velha pedra fria ansiava,
Em segredo, (ninguém sabia);
Por um gesto de carinho,
Que a fizesse sentir novamente viva,
Olhada, querida.
...
Ele apareceu de olhos colados ao chão
Ergueu o rosto e respirou fundo...
"Como é bom olhar o céu" pensou...
Nisto ouviu o som do bater de mil gotas,
Na poeira assente no colo do chão.
Olhou em volta, estava sozinho;
Apenas aquela estátua coberta de musgos,
Escondida na sombra oculta das árvores,
Lhe fazia companhia...
Parecia tão real, que pensou estar a sonhar,
Olhos tão puros, que parecia chorar...
...
Não conseguia fingir, chorava
E as lágrimas batiam frias, no chão,
Sozinha á tanto tempo,
Tinha algo mais perto,
Que as brisas do vento.
...
Aproximou-se,
Sonho ou não, era demasiado
Belo para resistir ou fugir,
E chegou o rosto ao da pedra fria
Parecia soluçar entre as lágrimas,
Parecia viva, cheia de uma vida
Carregada de uma tristeza sombria.
...
Os rostos tocaram-se
E a pedra contra a sua pele aqueceu,
Uma luz iluminou aquela noite
Levantou o manto de breu,
E na sua frente, a pedra cedeu.
Por entre os pedaços espalhados,
Pelo chão agora molhado,
Surgiu a mais bela figura que alguma vez viu,
Ficou enfeitiçado,
E nunca mais daquele jardim partiu...

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