domingo, novembro 09, 2008

Cansei-me de correr atrás das borboletas


Cansei-me de correr atrás das borboletas
Plantei o mais belo jardim, com as flores mais exóticas
Porque pensei que assim vinham até mim,
De asas abertas e almas soltas.

Queria o meu jardim cheio de cores,
Voando, livres, pelo vento,
Criaturas tão simples e ao mesmo tempo tão majestosas,
Dando-me vida com o bater das asas

Andei, escondida, nas suas sombras,
Tentei agarra-las para que fossem minhas
Mas escaparam-se sempre por entre os dedos
E como sonhos, esvaíram-se, tornando-se segredos.

Segredos que guardei para mim,
Que não ousei contar a ninguém,
Não ia partilhar a beleza de tais seres,
Jamais, com alguém.

Cansei-me de correr atrás das borboletas
Cruzei as pernas e sentei-me no vão da escada
As lágrimas encheram-me os olhos de mar
O sal secou-me a pele, da face, ao deslizar,
Não tinha conseguido aprender a voar,
Precisava aprender novamente a andar.

Era tamanha a minha vergonha em ter falhado
Que a alegria se tornou em medo
E as flores do meu jardim secaram,
Deixaram-se morrer embebidas no meu desespero,
Mergulhadas no meu desamparo.

De repente sem contar
Senti uma leve brisa no meu ombro,
Olhei com medo e ali estava o meu segredo
Veio até mim, sem eu procurar,
Tocou-me sem eu esperar.

Pousou-me no ombro,
Sem esperar, e eu sem contar;
Percebi que a magia não está no possuir
Mas sim em ver e acreditar.

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