Tudo o que tenho
È um espelho á minha frente.
Um espelho partido e velho
Que metade reflecte de negro
Uma parte de mim foge,
Nas sombras se esconde,
Do brilho da luz, até que some
Para á noite matar a fome
Quando a lua voa alta no céu
O negro sai da sua toca
Revela-se por detrás do véu.
Consome-me a paz
E a calma de que preciso
Tira-me as certezas
Planta dúvidas sobre se existo
Espalha as sementes dúbias
Que se multiplicam como feras.
E me vergam sobre as pernas
Me partem como vergas
Na manhã acordo cansada,
Triste, de passar a noite fechada
Num canto escuro e negro
Que reflecte o meu velho espelho
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