segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Homens do mar

A mudança das marés, o bater das ondas, o calor dos sois
Não acalma, não mata, não esquece a dor de mil corações
Dos filhos e maridos perdidos no mar, pelas águas
Das esposas, das mães, em terra afogadas nas mágoas
Parece não haver neste mundo
Um porto, um refúgio, um lugar, seguro
Onde velhos, cansados, marinheiros possam atracar
O seu barco, o seu peito, a sua dor.
Não há praia sem o cantar de uma bela sereia
Canto belo, puro veneno, de tão doce enebria
Não há cabo sem as fúrias de Tritão, dos mares, rei.
Os bravos conquistadores vencem perigos, mas não a saudade de quem
Em tempo deixou todos os amores
Que ficam á janela imaginando terriveis horrores
Aguardando ver no horizonte o rosto partido
De quem sai para o mar e regressa, meio morto, meio vivo
E até ao dia de a terra voltar, de novamente areia, pisar
Nem o canto, venenoso da sereia, á beleza das ninfas ou a fúria de Tritão
Apaga dos peitos dos temerosos filhos de Deus
A saudade, que carregam na alma, de todos os seus.


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