sexta-feira, janeiro 11, 2008

Presa

São apenas paredes o que me prende aqui.
Lentamente cada uma se fecha sobre mim
Pedaços de pedra fria, oca, vazia
Escondem a voz das almas roucas
E fazendo-se passar por moucas,
Encerram o grito de quem some
De quem pelo mar, perdeu o leme.
Confinam á terra quem rema contra a maré,
Não prendem nos seus braços, os bravos
Que da mentiram sabem a verdade que é
Os que são mais que da vida escravos
Os que não temem pelo peso dos segredos guardados
Estas paredes amarram a ancora do meu barco
Afastam-me do eterno oceano
Do horizonte que vive no sonho
Prendem-me os pés á terra
Paredes de pedra fria onde definho a cada dia,
Enlaçam aos poucos o corpo da alma vazia,
O espectro que resta não presta, esse,
Nestas muralhas decrepitas padece,
Entre estas paredes se perde, se esquece...

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