segunda-feira, abril 06, 2009

Palhaço poeta

As cortinas tocam agora o chão,
O palco pinta-se de negro,
O publico saiu,
E reina um delicado silêncio,
Um doce sossego.

Estende a mão,
Acende uma pequena vela.
E á luz tremula que cintila,
Tira aos poucos toda a maquilhagem.
Mata devagar a sua personagem.

Limpa os batons, os lápis, os pós
Arruma os trapos coloridos,
Coloca-os no armário bem escondidos,
Desamarra os nós…

A mascara solta-se,
O belo pierrot desaparece,
O sorriso de orelha a orelha perde-se
O brilho do olhar desvanece

O espelho reflecte um rosto
Fatigado, esbatido
De um velho palhaço,
Triste e amargurado.

Cansado de sorrir,
Com vontade de chorar,
Cansado de dar alegria
Sem a sentir,
Cansado de dar,
O que nem sequer tem para dividir.

(…)
Ouvem-se as cortinas subir,
È hora de dar novos nós,
Pintar o rosto com lápis e pós,
Erguer a máscara e sorrir,
Esconder as lágrimas e fingir…

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